10 junho, 2009

Fashion Rio, vestir-se com ética

danitykane-ad-lgO hábito de cobrir o corpo humano, vestir-se, está presente desde o princípio da humanidade. As razões para cobrir o corpo não têm relação unicamente com a proteção (do frio, do sol), mas também com a estética, o poder, a sedução entre os gêneros, entre outras.

Os primeiros materiais utilizados eram de origem animal, peles, pelos e penas. Posteriormente o homem passou a utilizar fibras de plantas, que aprendeu a tramar, desenvolvendo os tecidos. No século XIX, a indústria têxtil criou as fibras artificiais e sintéticas para a produção de tecidos. Portanto, existem tecidos de origem natural (animal e vegetal), artificial (viscose, modal, tencel etc.) e sintética (poliéster, poliamida etc.).

Atualmente existem diversas opções de materiais para o desenvolvimento de roupas, dispens,ando totalmente o uso de materiais de origem animal. No entanto, o couro animal ainda é muito utilizado em roupas e principalmente em calçados, com o argumento de que é o aproveitamento das peles dos animais que são usados para o consumo da carne.

Além de todos os impactos ambientais do tratamento do couro, existe o impacto da criação artificial de animais para o consumo da carne e das peles (o desmatamento de extensas áreas, o grande consumo de água, o gás metano, entre outros). Ou seja, o uso de animais, seja para alimentação, vestuário, trabalho e experimentação, não é sustentável nem ético ambientalmente.

O fenômeno da moda para o vestuário surgiu no final da Idade Média com as grandes navegações e a troca de produtos entre os diferentes povos. Atualmente, a moda está relacionada com o novo, com o efêmero, com mudanças cada vez mais rápidas nos produtos. Com o estímulo da publicidade, há uma busca frenética pela novidade e, como consequência, tem-se aumento do consumo. Esse sistema da moda sem medir as consequências tem grandes impactos ambientais que foram ignorados durante muito tempo.

Entre os exemplos, pode-se citar o uso das penas púrpuras de reflexos ondulados da íbis, uma ave pernalta do vale do Nilo, para enfeitar os chapéus que estavam na moda, durante a Belle Époque, no final do século XIX. Naturalmente ignoraram que o pássaro pertencia a uma cadeia alimentar que existe há muito tempo: a íbis se alimenta de pequenos répteis, cuja alimentação é composta por batráquios, que, por sua vez, comem gafanhotos. É possível que eles não imaginassem que, querendo satisfazer uma tendência da moda da época, utilizando essas penas, provocariam a fome no Egito. Com a perseguição da íbis, cresceu a população de répteis. Os répteis devoravam as rãs, deixando os gafanhotos sem predador: os insetos vão destruir as plantações de cereais e espalhar a miséria entre os camponeses.

Esse exemplo ilustra a complexidade das interações entre o homem, os objetos produzidos por ele e a natureza. É o que Capra define como uma teia interconexa de relações quando se refere ao modo como deve ser vista a natureza. Tudo está interligado.

Assim, se as tendências de moda, por sua vez, indicarem o uso de materiais orgânicos, reciclados, reaproveitados, menos poluentes, contrárias ao uso de peles de animais, entre outros, haverá uma contribuição significativa para reorientar a produção, os serviços e o consumo de moda.

Esta tendência ecológica para a moda não é apenas uma suposição. Ela já foi lançada e pode ser observada nas coleções de grandes estilistas internacionais que influenciam a moda em todo o mundo. Roupas feitas com fibras naturais e materiais reciclados ganham terreno na Itália. Gigantes da moda, como Giorgio Armani, se somam à tendência. O respeito pelo meio ambiente por meio da utilização de fibras e tintas naturais, da reciclagem de resíduos, do reuso de roupas e do não uso de peles de animais, são a base da moda ecológica que pouco a pouco ganha terreno entre os consumidores e estilistas na Itália e em outros países.

A estilista inglesa Vivienne Westwood, considerada uma das precursoras do punk e uma das designers mais influentes do século XX, fez um apelo para que as pessoas consumam menos e façam melhor suas escolhas de compra. A estilista de 67 anos, que lançou em São Paulo, em janeiro de 2008 durante a SPFW, duas sandálias de plástico em parceria com uma empresa brasileira, rebate as críticas de quem a chama de “hipócrita” por seu discurso anticonsumista, já que ela mesma produz coleções veneradas pelo mundo fashion. Segundo Westwood, hipócritas são as pessoas que têm dinheiro e se vestem como pobres. Eles deveriam comprar roupas bacanas, mas não muitas. Para ela, as pessoas devem selecionar mais e não serem engolidas por tudo o que se propõe. São privilegiadas porque podem escolher as roupas, mas devem escolhê-las melhor. Ela afirmou ainda que gostaria de produzir menos. "Eu realmente estou cansada de fazer tanto. Prefiro muito, muito fazer menos e fazê-lo muito bem. Só preciso descobrir como."

Descobrir como fazer uma moda “ética”, mais adequada ao contexto do desenvolvimento ambientalmente sustentável é o grande desafio do design de moda na era pós-moderna. A reutilização de tecidos, a vintage, os tecidos reciclados e orgânicos, a troca de roupas e o aluguel, são opções na busca por uma moda mais ética.

Fonte: O Globo  GNT

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05 junho, 2009

Exposição alerta para riscos de comprar animais silvestres

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Na data em que se comemora o Dia Internacional do Meio Ambiente, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) fez uma exposição na Rodoviária de Brasília, área central da cidade, de objetos feitos com animais silvestres apreendidos em operações. A idéia é alertar a população para os riscos de se comprar essas espécies.

A prática pode resultar em multa de até R$ 1,5 mil para espécies silvestres e até R$ 5 mil para animais que estejam na lista de ameaçados de extinção.

"Além disso, vários deles podem transmitir doenças para as pessoas", disse o coordenador da exposição e educador ambiental, Maurício Galdino.

Entre os objetos que podem ser vistos na mostra, estão esculturas feitas com partes de vários animais. Algumas misturam cabeça de macaco com dentes de piranha e casco de tatu. "O pior é que as pessoas compram as esculturas", disse Galdino.

Também estão expostas bandejas feitas com asas de borboletas, a pele de uma sucuri de 7,2 metros, que seria usada para fazer botas, e uma pele de onça pintada, apreendida numa loja no Lago Sul, bairro nobre de Brasília. "Viraria casaco para uma madame", disse o coordenador.

"Isso é um absurdo. Estou revoltada", disse uma visitante da exposição que não quis se identificar. "Perto do meu trabalho tem uma casa onde há cinco peles de onça. Quero denunciar", completou.

Segundo Galdino, quem tem um animal silvestre em casa sem autorização, como periquito ou papagaio, pode ser punido. "Todo mundo quer ter um papagaio em casa, mas a nossa informação é que ele deve ser mantido em seu habitat", recomendou. "Quem quiser ter um animal que tenha um cachorrinho. Mas sem maus-tratos, porque isso também é crime", lembrou.

O telefone da Linha Verde do Ibama, que recebe denúncias sobre venda de animais silvestres ou de objetos feitos com eles, é 0800 61 8080.

 

Fonte:Agência Brasil